Fazer arquitectura para desfiles de moda parece uma contradição lógica. A arquitectura, em princípio, lida com a solidez de construções apostadas em durar e capazes de acolher as conveniências e rotinas do quotidiano. A moda, sobretudo na forma mais espectacular da sua presença, que é a apresentação em desfile, é o reino do momento, do acontecimento que se esgota na fruição quase instantânea da aparição.
A arquitectura está do lado da duração. A moda brilha no esplendor da aparição.
Fazer arquitectura para um desfile de moda seria, assim, criar as molduras ideais para dar a ver aquilo que, por opção, destino e capricho, quer ser visto durante o mínimo de tempo possível mas com o máximo de intensidade possível.
Para fazer durar na memória dos olhos a experiência da festa.
Vejamos como é que os arquitectos Fernando Sanchez Salvador e Margarida Grácio Numes procuraram atingir este objectivo paradoxal nos trabalhos que realizaram para a Moda Lisboa.
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Na 15ª edição, no Museu da Cidade, a principal componente da sua intervenção foi a construção de um volume que, envolvendo totalmente a tenda onde decorria o evento, fazia com que ela não pudesse ser vista do exterior (embora pudesse ser sentida, enquanto tenda, no interior, depois de entrarmos) e estabelecia uma relação volumétrica coerente com os outros edifícios existentes naquele espaço.
A parede do referido volume, inclinando-se ligeiramente para o chão, instalava um ponto de fuga peculiar criando uma ilusão de profundidade acrescida, e ilustrando o tema desta edição da Moda Lisboa : "Até ao Infinito". A cor azul garantia a ligação ao céu.
A 16ª edição da Moda Lisboa decorreu na Cordoaria e teve como tema "Pashion", sendo ainda a edição comemorativa do 10º aniversário da Moda Lisboa.
Neste caso, os arquitectos assumiram o essencial da estrutura do edifício.
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